segunda-feira, 8 de abril de 2013

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Uma colher de açúcar não adoça
O olhar batido
A multidão disforme
O tempo perdido
A solidão amarga
Como só a solidão
Pode ser.
Um saco de açúcar
que seja
É pouco
para o abismo
que a cidade cava
E haja açúcar
Pra encher de água
as múltiplas pálpebras
de olhos endurecidos.

quarta-feira, 3 de abril de 2013

continua subindo

Todo atraso
tem um justo compasso
Entre o sonho e o descaso
Nem tanto esse quando o um
De lado
O sono na monoespécie do dia
Seu aproveitamento estranho
Produzindo teias de aranha

Pouco importa a vassoura
Que vem e varre a obra
A teia é o sonho novo
Se refazendo de novo no mesmo lugar.

terça-feira, 2 de abril de 2013

pulsão

Os vulcões são
gritos quentes
De uma mulher
vermelho terra.

guardo silente

Rés
Guardo
O silêncio é por vezes uma fortaleza
Quando não uma cadeia de dominós ameaçados

É um cachorro quase rato
passa ligeiro e cabisbaixo
mas atento
pelas profundezas do
movimento e do tempo
Pode ser adulto ou criança
Ora que os adultos falam demais
enquanto calam um abismo dentro
E os pequenos em sua potência
constroem sua música
em arranhacéus de vento.