quarta-feira, 25 de setembro de 2013

Uma pequena inquietude de vida e de morte - ou - Não há quem resista.

A sujeira
que vem de fora
percorre dentro
e sai pela pele
que movimenta
sendo serpente ao sol

Ninguém pode calar
um amontoado de células
com seu barulho microestelar
sensível ao auscutoscópio
Não grita como os copos ao chão
Como os berros dos bebês
Como os wats potentes
e sua irritância inata
Movimentam leves
incansáveis
levam dentro o seu sopro
E precisam quase
somente de água

Querer ser uma pequena partícula
E ser uma grande coleção flutuante
É como ser o astro-rei
Sendo apenas uma nuvem de fumaça.

Não há quem resista.

vividade

Ser molhado só vale
se puder transpirar
Pendurar a vida
entre um caminho
e outro
Estender o varal
Por dois destinos rodoviários
O sol seca qualquer dor
Um quarto mofa qualquer ser
Ser molhado só vale
se puder transpirar.

Dentro da dor

Não há nada mais triste
que a poesia indoor
Dor presa dentro da porta
Privada, seca
Tudo o que abre, fecha.

que horas são?

O tempo
é hoje
uns dizem
que urge
mas tão candente
Ruge!

In Natura

O arvoredo cambiante
o mar nas pedras
o sibilar do vento
varrendo os grãos
No escuro
mas nem tanto
O silêncio
mas se escuta
pelo ouvido do espaço
Na lembrança
um lugar é um retrato
e à luz do dia
jamais estoura o brilho
Mas ali
como em todo lugar
que segue existindo
depois dum intensoturno
o movimento das marés
e o grande aquário submarino
cada partícula pisada
flutua leve, dança
De noite a paisagem descansa.