há o exercício do HOJE:
viver hoje
ouvir o hoje
olhar para o hoje
pensar o hoje
querer o hoje
questionar o hoje
fazer, e hoje.
há o exercício do AMANHÃ:
este é antes de deitar
e nos diz que agora é dormir
e pensar só amanhã.
quarta-feira, 5 de dezembro de 2012
quinta-feira, 29 de novembro de 2012
no lo hay
um pequeno segundo
filmei com a retina
o fim do mundo
filmei com a retina
o fim do mundo
i-material
para a
pós-ter-idade
para a
pós-ter-idade
pisquei disposta
a deixar saudade.
segunda-feira, 5 de novembro de 2012
Insônia parte 27
o besouro escala a tela
é ela
entra e sai de cena
se aceno
a vida é offline
eu peno
a ponta da miragem
que a fina
navalha do ponteiro
decai
suave e descarrega
A pilha
que alimenta o meu sangue
O besouro escorrega
2h20
os olhos atentos
em suas costas de madeira
Um besouro filho de marceneiro
Insônia parte 28
Zzzzzzzzzz
Não eu
O besouro.
é ela
entra e sai de cena
se aceno
a vida é offline
eu peno
a ponta da miragem
que a fina
navalha do ponteiro
decai
suave e descarrega
A pilha
que alimenta o meu sangue
O besouro escorrega
2h20
os olhos atentos
em suas costas de madeira
Um besouro filho de marceneiro
Insônia parte 28
Zzzzzzzzzz
Não eu
O besouro.
poesia de corredor
finidinépolos
conetifílicos
olincospílicos
aringescífilos
xirosmocátinos
tonisteféricos
Uni-vos.
conetifílicos
olincospílicos
aringescífilos
xirosmocátinos
tonisteféricos
Uni-vos.
sexta-feira, 19 de outubro de 2012
ao marinheiro
Vou
desabar os ombros
sobre as costas
dessa história mal contada
Um sambatômico, atônito
Foliões em dó menor encheram meu copo
dizendo
Sentaí, diz qual foi a dessa vez
Que nada!
"Meu parceiro deu um nó de marinheiro no peito"
"Se desabotoa, que o sonho é um
Novo laço imaginando seu fim"
Amarrado firme numa haste de cais
Definitivo
Abandonara o mar
Des-espera a chance de outro sonho
Que não seja um traço em dó
Seja um sol
Desatado
luz estourada, só em sonho
Uma estrela de ressaca
Nas cordas, bambas busco
Um samba-sonho em alto mar.
sobre as costas
dessa história mal contada
Um sambatômico, atônito
Foliões em dó menor encheram meu copo
dizendo
Sentaí, diz qual foi a dessa vez
Que nada!
"Meu parceiro deu um nó de marinheiro no peito"
"Se desabotoa, que o sonho é um
Novo laço imaginando seu fim"
Amarrado firme numa haste de cais
Definitivo
Abandonara o mar
Des-espera a chance de outro sonho
Que não seja um traço em dó
Seja um sol
Desatado
luz estourada, só em sonho
Uma estrela de ressaca
Nas cordas, bambas busco
Um samba-sonho em alto mar.
saudade em asas
Saudade bruta
O tempo passa
o peito espera
mas sabe o teto
se sobe muito
balão estoura
abro um buraco
no céu-concreto
saudade vôa
estampa a vida
a céu aberto
daqui a...gora.
nós.
Que de minhas cordas restem
As vocais vibrando
As erguidas amarrando o mastro à nau
Seguir ventando em direção
à outra ponta
As vocais vibrando
As erguidas amarrando o mastro à nau
Seguir ventando em direção
à outra ponta
da corda-bamba.
..
Você está intimado a sentar comigo para um café.
Saudade tem limite.
Você está intimado a sentar, amigo, para um café.
Saudade, não, tem limite.
Você está intimidado a sentar comigo para um chá.
Saudade tem limite?
Você? Intimado a sentar comigo para um café?
Tudo tem limite.
Diga lá, camará, se dá pra ser. Pode ser dois duplos sem creme?
Minha saudade é sem limite.
Saudade tem limite.
Você está intimado a sentar, amigo, para um café.
Saudade, não, tem limite.
Você está intimidado a sentar comigo para um chá.
Saudade tem limite?
Você? Intimado a sentar comigo para um café?
Tudo tem limite.
Diga lá, camará, se dá pra ser. Pode ser dois duplos sem creme?
Minha saudade é sem limite.
alô?
Abro a série com um soco
Sem querer, fica roxo?
Fecho o dia de peito apertado
Mas vai ser mais um
Dia
Vai ser mais uma vez
Que durmo
E amanhã falo alô
Ou dou com a cara na
sua porta
de fibra ótica sonora
Soa "tu tu tu".
Sem querer, fica roxo?
Fecho o dia de peito apertado
Mas vai ser mais um
Dia
Vai ser mais uma vez
Que durmo
E amanhã falo alô
Ou dou com a cara na
sua porta
de fibra ótica sonora
Soa "tu tu tu".
Poesia incompleta
Na poesia completa
Não tem lirismo atoa
E tem também
Um pacote de processos
Desobediência civil
Ocupação de prédio público
Desacato à autoridade
Desautorizado da poesia completa
as tempestades de tédio
Serão os melhores poemas
De sangue, de vida,
flor de cactus
Na poesia completa
Ficou incompleta essa linha
Mudou de casa
Saiu com os papéis caindo da bolsa
A antologia incompleta
Deixou um verso livre
Procurando o dono
Não tem lirismo atoa
E tem também
Um pacote de processos
Desobediência civil
Ocupação de prédio público
Desacato à autoridade
Desautorizado da poesia completa
as tempestades de tédio
Serão os melhores poemas
De sangue, de vida,
flor de cactus
Na poesia completa
Ficou incompleta essa linha
Mudou de casa
Saiu com os papéis caindo da bolsa
A antologia incompleta
Deixou um verso livre
Procurando o dono
prendedor
Quando eu parar
Será debaixo da terra
Quem sabe assim
Um pouco de sossego
Enquanto isso
isso
qual o jeito
a flor em vida
novas palavras
pendurando os dias.
Será debaixo da terra
Quem sabe assim
Um pouco de sossego
Enquanto isso
isso
qual o jeito
a flor em vida
novas palavras
pendurando os dias.
na concha
olhando
adiante
horizonte fotografo
nos olhos cansados
agito de ondas
mergulhamos ao fundo
e lá dentro
no silêncio azul
te alcanço num abraço-do-mar
no ouvido
o barulho de uma concha.
horizonte fotografo
nos olhos cansados
agito de ondas
mergulhamos ao fundo
e lá dentro
no silêncio azul
te alcanço num abraço-do-mar
no ouvido
o barulho de uma concha.
.
Em linhas geraes:
Nada de neblina ou
de mais
indústria/estrada
ponte aérea.
Ao longe
Concreto verde
Me/nos Gerais.
Nada de neblina ou
de mais
indústria/estrada
ponte aérea.
Ao longe
Concreto verde
Me/nos Gerais.
é, é sim.
O novo é um broto
- pequeno caroço em
pé na terra dá dó
E quando brota o
verde reflete o sol
Cravo os dentes nos
frutos que dá
gôsto e o brilho diz
que sim, é o novo.
ver(ano)
A tantas de março
é o prazo
final
Depois disso
Que a água caiu toda
Já não se amofa
mais nada
O quente se espalha
Resta o vapor da chaleira
Herança do calor que
aquece o inverno
é o prazo
final
Depois disso
Que a água caiu toda
Já não se amofa
mais nada
O quente se espalha
Resta o vapor da chaleira
Herança do calor que
aquece o inverno
E não dá
dessa vez
Pra perder a estação
Vai com o trem o verão
Boto o colchão no sol
sem trégua pra secar
Tá de pé
Que te encontro por lá
Na plataforma dez
C’o convite na mão
dessa vez
Pra perder a estação
Vai com o trem o verão
Boto o colchão no sol
sem trégua pra secar
Tá de pé
Que te encontro por lá
Na plataforma dez
C’o convite na mão
Não te atrasa
Que o tempo passa
O sol se amansa
O céu amarela
E as folhas no chão
Meus poemas perdidos
Vão abrir o outono
Nessa brecha do ano
O corpo toma a forma
que viveu em janeiro
E antes que deságüe o choro
Desabrotôo o cabelo.
Que o tempo passa
O sol se amansa
O céu amarela
E as folhas no chão
Meus poemas perdidos
Vão abrir o outono
Nessa brecha do ano
O corpo toma a forma
que viveu em janeiro
E antes que deságüe o choro
Desabrotôo o cabelo.
terça-feira, 9 de outubro de 2012
pra hoje
Cabeça à mil mas parece que vazia
Ou vaza
Pinga pinga
não é água
ideia liquidando tudo
Molhando o chão de casa
Inundando a sacada
que tive
Ali, parada
Deu pra rua, olhei por cima
Não passava nada
Nem gente, nem praça
cachorro, Nada.
Passava por baixo
a calçada esburacada.
E de um fosso tão fundo
Só mesmo o desgosto
de um tosco desmundo
Mundar o presente
Para o esgoto imundo.
Ou vaza
Pinga pinga
não é água
ideia liquidando tudo
Molhando o chão de casa
Inundando a sacada
que tive
Ali, parada
Deu pra rua, olhei por cima
Não passava nada
Nem gente, nem praça
cachorro, Nada.
Passava por baixo
a calçada esburacada.
E de um fosso tão fundo
Só mesmo o desgosto
de um tosco desmundo
Mundar o presente
Para o esgoto imundo.
segunda-feira, 8 de outubro de 2012
ao Norte
o Maranhão alaga suas dunas
abre a porta no sorriso do povo
Mas tem um dono só
E o seu carcará avôa
Na restinga e na caatinga
Mora no pau-a-pique
Obedece os casarões, mas não gosta.
É sua história abandonada em ruínas,
mas viva, nunca esquecida.
Azul.
Brancos lençóis que embalam
o sono de tanta memória.
O Maranhão é braço aberto
e bala na agulha.
abre a porta no sorriso do povo
Mas tem um dono só
E o seu carcará avôa
Na restinga e na caatinga
Mora no pau-a-pique
Obedece os casarões, mas não gosta.
É sua história abandonada em ruínas,
mas viva, nunca esquecida.
Azul.
Brancos lençóis que embalam
o sono de tanta memória.
O Maranhão é braço aberto
e bala na agulha.
segunda-feira, 10 de setembro de 2012
Inaê
A poesia
é uma menina de cinco anos
me chamando aos prantos
sempre que pego no sono
Acordo assustada
"O que foi, o que é..."
E ela sorri, saltita ao longe
suas pernas magrelas
seu vestido amarelo
Descabela a noite vazia
E me bota de pé
Só pra fazer companhia.
é uma menina de cinco anos
me chamando aos prantos
sempre que pego no sono
Acordo assustada
"O que foi, o que é..."
E ela sorri, saltita ao longe
suas pernas magrelas
seu vestido amarelo
Descabela a noite vazia
E me bota de pé
Só pra fazer companhia.
insone outubro
Do retiro do sono
me retiro
Praticante insensata do sonho acordado.
Se os olhos de fecham
É lá dentro mesmo
que acontece a confusão
Mas se for a voz da dúvida
da dívida
da vida
da decisão
resolve falar noite adentro
Junto os meus na sala
pra tecer canção.
Compor o tempo da falta de sono
(da falta de quase tudo)
Cantar bem alto
Destrambelhar a madrugada
Ensaiando o dia
em que a viola há de ser
a insônia de quase todos
E os meus serão uma praça
e as ruas e os cantos
Mas mesmo aí
depois de tanto cansaço
Não haverá o sono dos justos
Que de tanta vida
Não se dorme em outubro.
me retiro
Praticante insensata do sonho acordado.
Se os olhos de fecham
É lá dentro mesmo
que acontece a confusão
Mas se for a voz da dúvida
da dívida
da vida
da decisão
resolve falar noite adentro
Junto os meus na sala
pra tecer canção.
Compor o tempo da falta de sono
(da falta de quase tudo)
Cantar bem alto
Destrambelhar a madrugada
Ensaiando o dia
em que a viola há de ser
a insônia de quase todos
E os meus serão uma praça
e as ruas e os cantos
Mas mesmo aí
depois de tanto cansaço
Não haverá o sono dos justos
Que de tanta vida
Não se dorme em outubro.
no trumpete
Em um suspiro compor
Lá de dentro abrir
Minhas frestas de amor
E de noites de festas
que eu nao sei cantar...atoa
Se o grito ventila
Soa a vida que se tem
Vem dizer o que nao tem...
Eu respiro fundo, profundo
Deixo o ar entrar, até o fim
Pra depois soprar
Devagar
Lento ar quente
Pra fora o calor do que eu sou
Virar som.
Lá de dentro abrir
Minhas frestas de amor
E de noites de festas
que eu nao sei cantar...atoa
Se o grito ventila
Soa a vida que se tem
Vem dizer o que nao tem...
Eu respiro fundo, profundo
Deixo o ar entrar, até o fim
Pra depois soprar
Devagar
Lento ar quente
Pra fora o calor do que eu sou
Virar som.
quinta-feira, 16 de agosto de 2012
A porta
Presente
adiante
"De quem?"
Comer essa palavra em bloco
Para ver se nasce sorridente
Um ser-se assim simplesmente
Tem presente que é um sofá na sala
Uma manta quente em um fim de noite
Mas o que estamos diante
É uma porta somente
Em meio ao descampado
Dá pra ver toda a serra do mar
Mas não o outro lado
Já não recordo se tentei abrir
Nem sei dizer se do lado de lá
É o futuro
Ou se é só logo ali
Um presente no pacote
dum buraco escuro.
adiante
"De quem?"
Comer essa palavra em bloco
Para ver se nasce sorridente
Um ser-se assim simplesmente
Tem presente que é um sofá na sala
Uma manta quente em um fim de noite
Mas o que estamos diante
É uma porta somente
Em meio ao descampado
Dá pra ver toda a serra do mar
Mas não o outro lado
Já não recordo se tentei abrir
Nem sei dizer se do lado de lá
É o futuro
Ou se é só logo ali
Um presente no pacote
dum buraco escuro.
quinta-feira, 9 de agosto de 2012
tum
Coração aflito
vaga os dias e ideias
voa nas veias do peito
esse vermelho mosquito
Zunido
nas asas e artérias
ruído que plana
no sopro cardíaco.
vaga os dias e ideias
voa nas veias do peito
esse vermelho mosquito
Zunido
nas asas e artérias
ruído que plana
no sopro cardíaco.
a seta
Todos os dias quando chego em casa
As paredes me saúdam
"Saúde!"
Apontando a saída
com uma seta
"Quem dera!"
(pensa a mente)
Pudesse acessar
a saída
pela escada rolante.
As paredes me saúdam
"Saúde!"
Apontando a saída
com uma seta
"Quem dera!"
(pensa a mente)
Pudesse acessar
a saída
pela escada rolante.
domingo, 17 de junho de 2012
Inter-calado
é tanto silêncio
que ouve grande o som que faz um avião
tanto ruído
que nem nota os que voam no céu
para onde leva?
planando sobre o chão verde
os homens olham para cima
um jato sobre o chão de concreto
a viagem passa desapercebido
o destino
congestionado
uma floresta que engole a noite
o céu branco de silêncio
o coração divide as origens
pé na terra
as minas
o caos
sampaulo.
que ouve grande o som que faz um avião
tanto ruído
que nem nota os que voam no céu
para onde leva?
planando sobre o chão verde
os homens olham para cima
um jato sobre o chão de concreto
a viagem passa desapercebido
o destino
congestionado
uma floresta que engole a noite
o céu branco de silêncio
o coração divide as origens
pé na terra
as minas
o caos
sampaulo.
quinta-feira, 14 de junho de 2012
terça-feira, 5 de junho de 2012
bem na ponta do som elétrico
Se debruçar no penhasco
as cordas de aço
E o raio que os parta
levar um pedaço
No elétricoestalo
o simples recado
Do dó arranjado
Um sol cravado
De pé
Na chuva o ruído estacado
Balança deitado
Um ampère afinado.
as cordas de aço
E o raio que os parta
levar um pedaço
No elétricoestalo
o simples recado
Do dó arranjado
Um sol cravado
De pé
Na chuva o ruído estacado
Balança deitado
Um ampère afinado.
segunda-feira, 4 de junho de 2012
Segunda-feira blues
Na sala d'um escritório
O tempo arrasta os pés
Não passa
Da janela uma espécie
de jornal ambulante
A ambulância
com seu grito anunciando
o rito, o percurso da desgraça
Move o céu, o sol na vidraça
Vê cada gaveta movediça de trabalho
E se a chuva não atrapalha
A enxurrada de gente
vai correr ladeira abaixo
nos sinais
nos túneis
nos cabos de aço
Milhões enfileirados
Voltando para casa
para viver o jantar.
O tempo arrasta os pés
Não passa
Da janela uma espécie
de jornal ambulante
A ambulância
com seu grito anunciando
o rito, o percurso da desgraça
Move o céu, o sol na vidraça
Vê cada gaveta movediça de trabalho
E se a chuva não atrapalha
A enxurrada de gente
vai correr ladeira abaixo
nos sinais
nos túneis
nos cabos de aço
Milhões enfileirados
Voltando para casa
para viver o jantar.
quinta-feira, 24 de maio de 2012
de fora do trem
Acalma dentro essa pequena
Amena funciona, quem sabe
um riso no canto da boca
Voltando para casa
Sola
Vendo tão pouco o sol
Na porta do peito
O mar estoura suas dúvidas
Que a estrada tem dois sentidos
pelo menos
Ao menos com os pés em um lugar
Cantar uma canção onde tiver cordas
De madrugada
o frio
a febre
a fome
o corinthians
gritando na minha janela
Eu quero aquela, moço
Que ainda não dá pra crer
Eu quero ver
O som da manhã chegando
E não vão ser carros chiando
Será quem sabe
Um leque de possibilidades
Não duas
Uma estrada que ande
para cima, sem placas
Que ir seja tão somente ir
E voltar seja uma pequena vontade
Que guardada em um caixa
não deixe perguntas
Por ser somente saudade.
Amena funciona, quem sabe
um riso no canto da boca
Voltando para casa
Sola
Vendo tão pouco o sol
Na porta do peito
O mar estoura suas dúvidas
Que a estrada tem dois sentidos
pelo menos
Ao menos com os pés em um lugar
Cantar uma canção onde tiver cordas
De madrugada
o frio
a febre
a fome
o corinthians
gritando na minha janela
Eu quero aquela, moço
Que ainda não dá pra crer
Eu quero ver
O som da manhã chegando
E não vão ser carros chiando
Será quem sabe
Um leque de possibilidades
Não duas
Uma estrada que ande
para cima, sem placas
Que ir seja tão somente ir
E voltar seja uma pequena vontade
Que guardada em um caixa
não deixe perguntas
Por ser somente saudade.
terça-feira, 22 de maio de 2012
um sopro
Cortei os cabelos de minhas fotos
no vento eles voam fortes
Tirei as pernas para dançar
De todas as cores, cada qual com seu dia
Fez um céu de brilho que é um estouro
Um giro lúcido
E o cotidiano quer tudo cinza
frio
aço
] Não caibo [
Em mim, um soluço contido
Vira um expurgo que funde
passado e frio num comprimido
Que nunca houve tanta primavera
num só outono
E o som
e o sono
Quer trazer pra perto
Pendurar as pernas cansadas da dança
Mas não se cansam
as meias coloridas saltitando no quarto
É um sarro quando me pega
Esse negócio que grita
Quando agita, sacode o pó
e sai pra viver.
no vento eles voam fortes
Tirei as pernas para dançar
De todas as cores, cada qual com seu dia
Fez um céu de brilho que é um estouro
Um giro lúcido
E o cotidiano quer tudo cinza
frio
aço
] Não caibo [
Em mim, um soluço contido
Vira um expurgo que funde
passado e frio num comprimido
Que nunca houve tanta primavera
num só outono
E o som
e o sono
Quer trazer pra perto
Pendurar as pernas cansadas da dança
Mas não se cansam
as meias coloridas saltitando no quarto
É um sarro quando me pega
Esse negócio que grita
Quando agita, sacode o pó
e sai pra viver.
quinta-feira, 17 de maio de 2012
impressão
no Norte
o que dita é o rio
que grita
na correnteza
um silêncio sombrio.
é tábua
é corpo
é guerra
numa margem a música da vida
na outra margem, também
do céu branco, além dos pássaros
vem o cheiro podre do dinheiro
e suja de sangue o que nunca foi morte.
o que dita é o rio
que grita
na correnteza
um silêncio sombrio.
é tábua
é corpo
é guerra
numa margem a música da vida
na outra margem, também
do céu branco, além dos pássaros
vem o cheiro podre do dinheiro
e suja de sangue o que nunca foi morte.
de agora
Cada desabotôo mostra pele
Um cheiro novo no tato conhecido
De fato
Uma espécie de surpresa
Mistura de óbvio e simples
Que faz que os olhos fotografem
A luz translucidando as torres da Sé
E mesmo aqui
Sem a chave de casa
Sentada no chão
do lado de fora
Faz rir
Mais que frio
Faz o impossível de sampaulo
nào ser solitária
E se aqui não há amor, não sei
Também aqui
Sonhar não me deixa ser só.
Um cheiro novo no tato conhecido
De fato
Uma espécie de surpresa
Mistura de óbvio e simples
Que faz que os olhos fotografem
A luz translucidando as torres da Sé
E mesmo aqui
Sem a chave de casa
Sentada no chão
do lado de fora
Faz rir
Mais que frio
Faz o impossível de sampaulo
nào ser solitária
E se aqui não há amor, não sei
Também aqui
Sonhar não me deixa ser só.
em casa
- Chegar do trabalho a essa hora é pra matar qualquer cristão - disse ao companheiro.
- Pois ainda bem que somos ateus, assim nos poupam a navalha do relógio...
Ela sorriu. Arrumou as coisas na sala. Lavou o restante da louça. Foi se deitar.
- ... pra matar qualquer filho da mãe.
- Pois ainda bem que somos ateus, assim nos poupam a navalha do relógio...
Ela sorriu. Arrumou as coisas na sala. Lavou o restante da louça. Foi se deitar.
- ... pra matar qualquer filho da mãe.
sábado, 21 de abril de 2012
in memorian
MEMÓRIA
Contar a memória
Contar com a memória
Vivê-la, bem vivo,
enquanto se é
Depois de não mais ser
sê-lo no outro
Vivê-la, bem vivo,
enquanto se é
Depois de não mais ser
sê-lo no outro
COLETIVA
Cassandra
Uma fivela e basta
Seguro todo o tempo
Que cultivei nos cabelos
Se a tezoura resolve
Não leva com ela
a memória
Dos dias trançados
dessa pequena história.
Seguro todo o tempo
Que cultivei nos cabelos
Se a tezoura resolve
Não leva com ela
a memória
Dos dias trançados
dessa pequena história.
Zero.Dez
Falta
(d)o que?
Sobra uma beirada de coisas
de boca para o precipício
digo
- Deixa cair...
é coisa outra que falta
Uma varanda molhada
boto o pé pra não molhar
a chuva na janela
do lado de dentro
é seco e quente
e só, não é tudo
que temos.
Do lado de cá os passarinhos são
ficam ciscando os dias
amarelam
refletem a luz de fora
O sol estourou a imagem
a foto que guardei de ti
no fundo de um balde
de água e sal
Uma salmora de memória
garantindo o meu sossego
o inferno foi com a chuva
e aqui dentro está tão seco
e é o seco?
Ou deixo eu molhar
a beirada da sacada,
botar o pé,
a água entrando?
Se não alaga
marcam pegadas
e pronto.
Acordei cedo e cozinhei um sonho
Voltei pra dentro da cama
bem quente, soprei pra dentro
o sono, dormiu tanto
E foi tão rápido
mas quando abriu
Eu vivia em um abraço.
(d)o que?
Sobra uma beirada de coisas
de boca para o precipício
digo
- Deixa cair...
é coisa outra que falta
Uma varanda molhada
boto o pé pra não molhar
a chuva na janela
do lado de dentro
é seco e quente
e só, não é tudo
que temos.
Do lado de cá os passarinhos são
ficam ciscando os dias
amarelam
refletem a luz de fora
O sol estourou a imagem
a foto que guardei de ti
no fundo de um balde
de água e sal
Uma salmora de memória
garantindo o meu sossego
o inferno foi com a chuva
e aqui dentro está tão seco
e é o seco?
Ou deixo eu molhar
a beirada da sacada,
botar o pé,
a água entrando?
Se não alaga
marcam pegadas
e pronto.
Acordei cedo e cozinhei um sonho
Voltei pra dentro da cama
bem quente, soprei pra dentro
o sono, dormiu tanto
E foi tão rápido
mas quando abriu
Eu vivia em um abraço.
sexta-feira, 20 de abril de 2012
Estação Paraíso
Acesso ao azul
Um corpo estirado nos trilhos
É a trilha
"O atraso!"
"O Serviço!"
"O horário!"
... e nunca "O coitado!"
Descer o pescoço
Na navalha gelada do aço
É o caminho ligeiro
para vencer o cansaço
Uma nota breve
e em piedade
para a estação Liberdade.
Um corpo estirado nos trilhos
É a trilha
"O atraso!"
"O Serviço!"
"O horário!"
... e nunca "O coitado!"
Descer o pescoço
Na navalha gelada do aço
É o caminho ligeiro
para vencer o cansaço
Uma nota breve
e em piedade
para a estação Liberdade.
segunda-feira, 16 de abril de 2012
Rio grande Cidade
E se eu passei toda a minha vida
A olhar a imensidão do Rio Grande
Não me intimida essa trilha de pedra
E sua gelada correnteza.
A olhar a imensidão do Rio Grande
Não me intimida essa trilha de pedra
E sua gelada correnteza.
segunda-feira, 2 de abril de 2012
Acordei faltando um braço
Um pedaço
Um sei lá o que que dormia
mas não acordou comigo
Uma espécie de castigo
que me fez viver sozinha
Por tanto tempo
E não ouço vozes
somente a chuva e os aviões
E não havia vontade para nada
Para festa
Macarronada
Para batuque
Nada mesmo
Só um estranho desejo
De embarcar numa espaçonave
Dessas comuns mesmo
Tam Gol essas coisas
E voar tanto tempo e longe
Que se esquecer de onde partiu
Não seja estranho
Seja um tamanho tão pequeno
O que foi
Perto do que pode vir
Porque o risco
É uma mistura de azar e possibilidade
E se eu não tenho vontade
De levantar dessa cama
Estirada no sofazinho da cabine
Posso ir olhando na janela
E escolhendo lá do alto
O lugar do mapa para o pouso
E vai ter um moço
do meu lado esquerdo
Que vai puxar assunto
E eu vou falar três palavras árabes
Pra ele não poder falar comigo
E na hora de descer
Vou rasgar o check-in
Terá um comparsa esperando por mim
Na saleta do aeroporto
Com uma plaquinha
"aqui, estou aqui"
E eu vou sorrir
E quem sabe nem vou acordar
Porque há de haver a hora
Em que do sonho não se acorda
Porque é o que se vive de verdade.
Um pedaço
Um sei lá o que que dormia
mas não acordou comigo
Uma espécie de castigo
que me fez viver sozinha
Por tanto tempo
E não ouço vozes
somente a chuva e os aviões
E não havia vontade para nada
Para festa
Macarronada
Para batuque
Nada mesmo
Só um estranho desejo
De embarcar numa espaçonave
Dessas comuns mesmo
Tam Gol essas coisas
E voar tanto tempo e longe
Que se esquecer de onde partiu
Não seja estranho
Seja um tamanho tão pequeno
O que foi
Perto do que pode vir
Porque o risco
É uma mistura de azar e possibilidade
E se eu não tenho vontade
De levantar dessa cama
Estirada no sofazinho da cabine
Posso ir olhando na janela
E escolhendo lá do alto
O lugar do mapa para o pouso
E vai ter um moço
do meu lado esquerdo
Que vai puxar assunto
E eu vou falar três palavras árabes
Pra ele não poder falar comigo
E na hora de descer
Vou rasgar o check-in
Terá um comparsa esperando por mim
Na saleta do aeroporto
Com uma plaquinha
"aqui, estou aqui"
E eu vou sorrir
E quem sabe nem vou acordar
Porque há de haver a hora
Em que do sonho não se acorda
Porque é o que se vive de verdade.
Noite insone
parte dois
Amanhece
Meus rins estão pendurados no varal
Um prognóstico da velhice
Às vezes me visita
Me recordo de quase tudo o que ingeri
Meus rins de areia
Hoje nem mesmo o ar
Lavava
Levava
Trazia de volta
O que vai-se embora
Sur
Busco um norte
Apertando uma corda improvisada
Quando quase faz um som
Arrebenta
Quem me afina
Uma corda de varal-renal
Meu violão
Caixa frouxa que ecoa um grito
Envelheceu por uns dias
Manhã e noite
E manhã,
Amanhã
Até onde eu teria ido?
Um maço
Um café quente
O sol vai torrar meus miolos
Me apagar da mente a vigília
Dizer por horas com seu azul insuportável
Que eu ainda devo
Vale a pena
Diz o dia
"Desperta, mulher!"
E eu penso
em pregar os olhos
junto aos rins.
parte dois
Amanhece
Meus rins estão pendurados no varal
Um prognóstico da velhice
Às vezes me visita
Me recordo de quase tudo o que ingeri
Meus rins de areia
Hoje nem mesmo o ar
Lavava
Levava
Trazia de volta
O que vai-se embora
Sur
Busco um norte
Apertando uma corda improvisada
Quando quase faz um som
Arrebenta
Quem me afina
Uma corda de varal-renal
Meu violão
Caixa frouxa que ecoa um grito
Envelheceu por uns dias
Manhã e noite
E manhã,
Amanhã
Até onde eu teria ido?
Um maço
Um café quente
O sol vai torrar meus miolos
Me apagar da mente a vigília
Dizer por horas com seu azul insuportável
Que eu ainda devo
Vale a pena
Diz o dia
"Desperta, mulher!"
E eu penso
em pregar os olhos
junto aos rins.
Sobre o oceano o homem pequeno
se vê um gigante refletido n'água
Depois do pouso e do canto matinal
encolhe engolido pela metrópole
Num salto, suas penas
desfazem no encontro com a serra
Dissipar da neblina
Se espatifam os sonhos
Sobrevoa as montanhas quadradas
Toca o chão, dó
Uma nota para o sol cinzento
Seus olhos filmam o caos
E o passarinho
vivo
se veste de homem para o trabalho.
Durante o dia
um filete de sol
Ilumina o picadeiro
areia batida
Anzol de sonhos
Que já foram
Um grito do vento
levanta a poeira
O vazio aparente
Armando o espetáculo
a ferrugem nas cadeiras
são camadas
de gargalhadas
antes ridas
O fim da tarde
avermelha a lona
uma chama incendeia
um grande rasgo
bem velho
E ainda tem o cheiro
De pipoca
De criança
Tem um tom
de nariz de palhaço
Por debaixo da serragem
surgem olhos
Olham o teto solar
que é o rasgo
Um pedaço de céu
Pro silêncio olhar
Mas não há gente
Não há malabaristas
mesmo com a rede
estendida
Uma placa na porta
anunciando o dia
Porque segunda-feira
É dia de descanso
para o circo vermelho
E amanhã, despretensa
A estrela é a estrela
Vai saltar pelo rasgo
Para os braços
do palhaço.
11/03/11 - N. p/ A.
um filete de sol
Ilumina o picadeiro
areia batida
Anzol de sonhos
Que já foram
Um grito do vento
levanta a poeira
O vazio aparente
Armando o espetáculo
a ferrugem nas cadeiras
são camadas
de gargalhadas
antes ridas
O fim da tarde
avermelha a lona
uma chama incendeia
um grande rasgo
bem velho
E ainda tem o cheiro
De pipoca
De criança
Tem um tom
de nariz de palhaço
Por debaixo da serragem
surgem olhos
Olham o teto solar
que é o rasgo
Um pedaço de céu
Pro silêncio olhar
Mas não há gente
Não há malabaristas
mesmo com a rede
estendida
Uma placa na porta
anunciando o dia
Porque segunda-feira
É dia de descanso
para o circo vermelho
E amanhã, despretensa
A estrela é a estrela
Vai saltar pelo rasgo
Para os braços
do palhaço.
11/03/11 - N. p/ A.
pegou pela frente
e não era suficiente
eu estar disposta
pronta com a resposta
que era outra
na verdade
já era tarde
pra tanta juventude
chegou na porta
pra entrar
entrou gritando
"é pra já"
e sentou no sofá
abriu o livro
da minha cabeça
uma crosta espessa
se inclinou pra crescer
paguei pra ver
ela recolher todo o tempo
jogado ao vento
e eu vi que plantei
e tem planta fértil
e é isso mesmo
mas não tem jeito
crescer é um sonho
ao avesso.
e não era suficiente
eu estar disposta
pronta com a resposta
que era outra
na verdade
já era tarde
pra tanta juventude
chegou na porta
pra entrar
entrou gritando
"é pra já"
e sentou no sofá
abriu o livro
da minha cabeça
uma crosta espessa
se inclinou pra crescer
paguei pra ver
ela recolher todo o tempo
jogado ao vento
e eu vi que plantei
e tem planta fértil
e é isso mesmo
mas não tem jeito
crescer é um sonho
ao avesso.
Para a vida que grita
Com voz de mulher
Não há palco onde se conte
o silenciado
Quando pronunciado
Há ouvidos que calam fundo
seu medo, sua dor do mundo
Há bocas maldizendo
Em rodas azuis
Que mulher que produz
É na beira do tanque
Ou bem boa na cama
E mulher que reclama
É fim de linha
Linha dura
Sapata
Mal comida
Um gravador plantado na saída
E o edifício gravou em sua memória
Que nessa história de mulher ser livre
Só tem público, não tem privado
o drama é épico
a dor é universal
As paredes são cortinas
Divisórias para o trabalho
Não há público, não há privado
Há um grito no sexto andar
Pára para ouvir
O sofrimento da metade
Da maior parte da humanidade.
Com voz de mulher
Não há palco onde se conte
o silenciado
Quando pronunciado
Há ouvidos que calam fundo
seu medo, sua dor do mundo
Há bocas maldizendo
Em rodas azuis
Que mulher que produz
É na beira do tanque
Ou bem boa na cama
E mulher que reclama
É fim de linha
Linha dura
Sapata
Mal comida
Um gravador plantado na saída
E o edifício gravou em sua memória
Que nessa história de mulher ser livre
Só tem público, não tem privado
o drama é épico
a dor é universal
As paredes são cortinas
Divisórias para o trabalho
Não há público, não há privado
Há um grito no sexto andar
Pára para ouvir
O sofrimento da metade
Da maior parte da humanidade.
O mar era um barranco
para o fundo
As laranjeiras
sua flor em cheiro
Tão imenso
Que era o cheiro do mundo
Nada tinha fronteira, placa, dono
Nem mesmo se pensava nisso
E era como se quem estivesse
da varanda vigiando
Soubesse que a cada dia
Estaria esperando
Um outro tempo pra puxar rasteiro
O tapete do sono
Hoje o único alento
Todo o tempo, o pé de barro, a água corrente
Costurando o sorriso permanente
Que picota o cartão e obedece o sargento.
Debaixo da minha cabeça um corpo grande
A vida distante, aquela
Ficou a sequela
do daqui em diante.
Plantei a memória na terra
Brotou gigante um tronco de dúvida
Se a infância era fina flor ou bruta
Que botava o pé na terra e não nascia
Pé de criança brilhante não nascia
O novo nascia o dia de hoje
Porque dormir era perda de tempo
O sono é ponte de hoje pra amanhã
Aurora do hoje e só
Não me lembro quando foi que começou
A picar o tempo num cartão
O verde a luz lá fora
Entrou pra dentro
Chegou a hora
Da tristeza, homem de terno, vir visitar.
Qual o tamanho de uma imensidão azul?
mede por metro ou pelo medo que ela dá?
Quando abre sua boca gigante pra engolir a areia
Quando abre sua boca gigante pra engolir a areia
Ou pro mergulho de olho aberto que está
Vida temperada de sal.
Sêca a boca vai dizer vermelha a pele
não tem ninguém nessa jangada além
dos peixes que vivem do lado de baixo
No porão dessa divisa entre um chão e outro
De ponta cabeça a jangada é um trampolim
para a terra
Não há ninguém em cima da jangada
Além do sol inferno frita os peixes antes de pescar.
A idéia forte, o corpo frágil não comporta.
Se me comporto, guardo a cabeça na caixinha de jóias.
O que possuo, é para ser exposto:
frente ao vento, diante da bala.
Não calo!
Nem morto fico em silêncio.
Tenho mil vozes.
Sua textura é pálida, enquanto dorme.
Mas a estação do sono não tarda findar.
Um inverno de rigor nocivo avançou garganta abaixo.
Daqui debaixo já vejo escorrer o gelo.
Vai nascer o dia, surgir a primavera entre os dentes do banguela.
Se me comporto, guardo a cabeça na caixinha de jóias.
O que possuo, é para ser exposto:
frente ao vento, diante da bala.
Não calo!
Nem morto fico em silêncio.
Tenho mil vozes.
Sua textura é pálida, enquanto dorme.
Mas a estação do sono não tarda findar.
Um inverno de rigor nocivo avançou garganta abaixo.
Daqui debaixo já vejo escorrer o gelo.
Vai nascer o dia, surgir a primavera entre os dentes do banguela.
Sopram ventos para a capital
Dormir com o medo
Acordar com o alívio
É um perigo
esse negócio de fazer planos
Porque enquanto é idéia
Vamos tecendo os panos
de todas as cores que existem
E entra tudo quando é bicho
gente e lugar diferente
Uma arca quase independente
da realidade que ainda é
Mas um pequeno trapo desse pano
Há de ser
E terá sua cor tão mais viva
Do que o que vivia nesse cenário
Para os cansados
Os desolados
Os de saco cheio do caralho
Pensar a respeito pode ser
um prato cheio
Pra uma fome que ainda é pouca
E pode acordar devorando a porta
Pra sair de casa
Vestir o casaco
Respirar fundo
Um sorriso tímido pra querer o mundo.
Acordar com o alívio
É um perigo
esse negócio de fazer planos
Porque enquanto é idéia
Vamos tecendo os panos
de todas as cores que existem
E entra tudo quando é bicho
gente e lugar diferente
Uma arca quase independente
da realidade que ainda é
Mas um pequeno trapo desse pano
Há de ser
E terá sua cor tão mais viva
Do que o que vivia nesse cenário
Para os cansados
Os desolados
Os de saco cheio do caralho
Pensar a respeito pode ser
um prato cheio
Pra uma fome que ainda é pouca
E pode acordar devorando a porta
Pra sair de casa
Vestir o casaco
Respirar fundo
Um sorriso tímido pra querer o mundo.
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