segunda-feira, 2 de abril de 2012

Acordei faltando um braço
Um pedaço
Um sei lá o que que dormia
mas não acordou comigo
Uma espécie de castigo
que me fez viver sozinha
Por tanto tempo
E não ouço vozes
somente a chuva e os aviões
E não havia vontade para nada
Para festa
Macarronada
Para batuque
Nada mesmo
Só um estranho desejo
De embarcar numa espaçonave
Dessas comuns mesmo
Tam Gol essas coisas
E voar tanto tempo e longe
Que se esquecer de onde partiu
Não seja estranho
Seja um tamanho tão pequeno
O que foi
Perto do que pode vir
Porque o risco
É uma mistura de azar e possibilidade
E se eu não tenho vontade
De levantar dessa cama
Estirada no sofazinho da cabine
Posso ir olhando na janela
E escolhendo lá do alto
O lugar do mapa para o pouso
E vai ter um moço
do meu lado esquerdo
Que vai puxar assunto
E eu vou falar três palavras árabes
Pra ele não poder falar comigo
E na hora de descer
Vou rasgar o check-in
Terá um comparsa esperando por mim
Na saleta do aeroporto
Com uma plaquinha
"aqui, estou aqui"
E eu vou sorrir
E quem sabe nem vou acordar
Porque há de haver a hora
Em que do sonho não se acorda
Porque é o que se vive de verdade.

Um comentário:

  1. Meu Deus!!! Não sabia desse seu dom!!!
    Li duas vezes esse poema. Uau!!! Vou correndo ler mais!
    Beijocas, querida!

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