Se dentro de um beijo
couber o sonho que se abre
quando o olho fecha para a noite
Tão lindo será o limite
entre o sonho e o movimento
do pêndulo arriscado
dançando a ciência distraído
percorrendo os medos mais ardidos
sem muita cerimônia
E se dentro de um beijo
couber ainda a insônia
Não cessará de encerrar
os olhos
os molhos
os medos
os sonhos
Nossos dragões pelos ares
O maior de nossos fantasmas
a discursar no palanque do desejo
cada vértebra de mesquinhez que se dobra
e faz gelar nossos joelhos
E se dentro do absurdo
Pudermos piscar
somente um olho de cada vez
Para que a todo tempo
haja uma porta semi-aberta
Que ligue lá e aqui
Há que se dizer sem papas
bispos
padres
e qualquer outro clérigo a pisar na língua
Do sangue que incorpora o corpo
e pinta o chão na viagem
De seu calor vermelho
que faz toda vestimenta dura
querer ser um pijama velho.
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