quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

Quando de longe vindo
cheguei ao centro
de seu coração, amor
não era um rebento
Dia de verão
m'abraçou com os braços
e ancas
d'uma árvore frondosa
Tinha sombra
eu tinha sede
Mergulhei disposta
A língua na aposta
da fruta boa e da fruta podre
(privilégio da estação)
Não podia eu
com os pés calejados
de tanto chão batido
querer semente de feijão
ainda algodoada
Em sua fronte larga
Eu trazia o desejo de toda semente plantada
E debaixo de sua sombra
não só cabia o meu alento
mas cada passarinho
estrela cadente
mariposa
ou mesmo gente
Um só pedaço de terra
não pode ser estrada
a esculpir os meus calos
Tampouco minha rede estendida
é capaz de ser embalo
para todos os seus outonos
O peito roçado
ontem, hoje, amanhã
quer um saco de sementes.

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