segunda-feira, 10 de novembro de 2014

Carta aos vivos

Seria impossível velar nossos mortos
com uma só vela.

A chama acesa nos corações pelo mundo
São enorme candeeiro

Hasteada
a nossa bandeira passa a ser
a roupa de seus corpos
Carregados pelos braços
do sonho de tantos lugares
A vela acesa para os nossos mortos
Nunca queima em silêncio
Arde ao ruído de bombas
que querem nos dispersar
Dos tiros que querem nos calar
À luz de sonhos clandestinos
(à luz de encontros clandestinos)
que atravessam a madrugada
Sob o rigor do sorriso que rasga
quando um de nós está a nascer.

E a cada um dos adeuses
que formos obrigados a dar
Ainda mais incendiada estará a fogueira
Passaremos a nos olhar de uma nova maneira
Perto e distante, uno
Enxergando ao fundo
O que é de fato importante.

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