segunda-feira, 10 de novembro de 2014

Quarenta e três

Já não podem dormir
sua agonia a impedir o sono
rebelados os pensamentos
que ligados aos pensamentos dos outros
manterão vivas a sua voz

Já não podem acordar
Sorrir, lutar, rasgar o céu
com seus punhos de ódio e de amor
Sorrirão nossos sorrisos
quarenta e três vezes ao dia
lutarão com nossas pernas e braços
quarenta e três passos
Rasgarão o céu de chumbo
que luto após luto
tem ganhado espaço e atenção
Porque nos pisoteiam o pescoço
e se nos levam os irmãos

Já não podemos dormir
Nos faltam quarenta e três
Já não podemos dormir
pois perdemos a conta
de quanto sangue nos arrancaram
Já não podemos dormir
E não temos lembranças de quando pudemos

Um a um
Nunca esqueceremos
Haiti
Maré
Ayotzi.

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