segunda-feira, 10 de novembro de 2014

Eternamente desperta

Estou lidando com a hipótese
de meu sono ser surdo
Nem  o ronco alto que faz
o silêncio da noite
o desperta
Sob os lençóis que escorregam
nas pernas
ele não nota
Meu corpo que quer cair
de cachoeira
para dentro de seu mundo

Descobri, contudo
Que seu único desejo
momento de exceção
aquele em que ele pode ouvir
É quando contam as histórias
d'As mil e uma noites
Prestes a ensurdar-se
a voz rouca de meu companheiro
lê palavra por palavra narrada
E depois de umas tantas noites
Ele se abre

Você não sabe o que será da madrugada
Quando o companheiro quer dormir
antes mesmo da primeira história
E nem eu mesma sei
o que será de mim
quando Sahrazad
disser Fim.

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